A chegada dos Portugueses ao Brasil em Abril de 1500 foi uma das conseqüências da expansão comercial e marítima européia, iniciada por Portugal no começo do século XV.
A península Ibérica é a região da Europa onde se localizam Portugal e Espanha. No início século VII, parte da Península Ibérica foi invadida e conquistada pelos árabes, seguidores do Islamismo.
Anos Depois da invasão e conquista, os cristãos ibéricos que não aceitam a dominação dos árabes se refugiaram no norte da península e iniciaram um guerra para expulsar o invasor e reconquistar o território.
Durante essa guerra de reconquista, que durou até o século XV, surgiram vários reinos cristãos na Península Ibérica, entre os quais Leão, Navarra, Aragão, Castela e Portugal.
No final do século XI, quando liderava a luta de reconquista, o rei de Leão e Castela, dom Afonso VI, recebeu ajuda militar de um nobre francês chamado Henrique de Borgonha.
Pelo auxílio militar prestado, Henrique de Borgonha casou-se com a filha do rei e tomou posse de uma região conhecida como Condado Portucalense.
O Condado Portucalense ficou sob o governo do rei de Leão e Castela até que dom Afonso Henriques, filho e sucessor de Henrique de Borgonha, conseguiu a independência, depois de vencer uma guerra na qual contou com a ajuda de nobres, soldados e camponeses.
Garantida a independência, em 1139, o Condado Portucalense transformou-se no reino chamado Portugal. Dom Afonso Henriques foi aclamado rei e deu origem á dinastia de Borgonha, primeira dinastia portuguesa.
Sob o governo da dinastia de Borgonha, os portugueses continuaram a luta contra os árabes e se dedicaram á conquista de terras para aumentar seu território. Também nessa época, Portugal tornou-se um país voltado para o comércio marítimo.
Os portugueses passaram a exportar vinho, azeite, pescado e alguns cereais e a importar tecidos, metais, trigo e especiarias (cravo, canela, pimenta, gengibre etc.) de outros povos.
Com o crescimento do comércio e do artesanato, desenvolveu-se a vida nas cidades e surgiu uma nova classe social: a burguesia mercantil. Essa classe social teve um papel importantíssimo na expansão comercial marítima.
Em 1383 explodiu em Portugal uma revolução pela sucessão do trono. Essa luta armada, conhecida como Revolução de Avis, foi liderada e financiada pela burguesia mercantil, que pretendia participar do poder político, e teve apoio de alguns nobres e da população nobre.
A vitória da Revolução de 1385 reafirmou a independência de Portugal e os revolucionários aclamaram como novo rei um de seus chefes, o mestre da ordem religiosa e militar de Avis. Assim teve início a dinastia de Avis.
Essa dinastia foi responsável pela expansão comercial e marítima portuguesa e com ela Portugal se transformou num país absolutista e mercantilista.
Nos países mercantilistas, como Portugal, a economia do Estado era controlada pelo governo. Acreditava-se que a riqueza de um país dependia da quantidade de ouro e prata que possísse. Pensava-se também que um país poderia enriquecer se exportasse mais do que importasse, isto é, vendendo mais do que comprando produtos de outros países.
Expansão Comercial e Marítima Portuguesa
Portugal iniciou sua expansão comercial e marítima em 1415 (século XV), momento em que as relações comerciais entre a Europa e o Oriente (Ásia) cresciam e se tornavam fundamentais para a riqueza européia. Afinal, o Oriente era produtor de muitos artigos consumidos pelos europeus, principalmente as especiarias.
Esses produtos iam da Ásia para Constantinopla e Alexandria. Em seguida eram transportados através do Mar Mediterrâneo pelos comerciantes italianos, principalmente os de Gênova e Veneza.
Gênova e Veneza, duas poderosas cidades italianas impuseram seu domínio sobre o comércio das especiarias e sobre o Mar Mediterrâneo pela força das armas.
O Monopólio - isto é, o domínio exclusivo - de Gênova e Veneza sobre esse rico comércio prejudicava os interesses de Portugueses, ingleses, franceses, espanhóis e holandeses. Para conseguir a liberdade de comercial pelo Mar Mediterrâneo, os outros europeus teriam de entrar em guerra contra os italianos.
Por isso era preciso procurar um caminho marítimo alternativo para se chegar á índia, ao Japão, á Arábia e á China, principais regiões asiática produtores de especiarias. Essas regiões eram conhecidas na Europa pelo nome de índias.
Pás os portugueses, descobrir outro caminho marítimo para as índias significava livrar-se do monopólio que os comerciantes de Gênova e Veneza exerciam sobre o comércio no Mar Mediterrâneo.
Portugal foi o primeiro país europeu a dar início ás grandes navegações. Foi o primeiro porque possua um governo mercantilista e, portanto, fracamente interessado no desenvolvimento do comércio. Possuía também uma burguesia mercantil rica e capaz de, juntamente com o rei, aplicar seu dinheiro na compra ou fabricação de navios como a caravela, na aquisição de instrumentos de orientação como a bússola e no aprimoramento dos estudos sobre navegação, desenvolvidos na Escola de Sagres, criada pelo infante dom Henrique.
A Escola de Sagres era um centro de estudos e pesquisas sobre navegações onde se reuniam grandes nomes ligados á matemática, á astronomia, á navegação, á geografia, á cartografia e á construção de instrumentos náuticos.
Outra causa do Pioneirismo Português foi a localização geográfica privilegiada do país. Situado estrategicamente entre o Estreito de Gibraltar e o Mar do Norte, Portugal tornou-se, desde o século XIV, um excelente ponto de escala e abastecimento para navios e comerciantes de diferentes origens, notadamente italianos e holandeses, com quem os portugueses comercializavam seus produtos, entre estes, pescado, azeite, vinho, frutas.
Além disso, naquela época, Portugal era um país sem conflitos internos ou externos. Isso o colocava em vantagem com relação á Espanha, que lutava para expulsar os árabes de seu território. França e Inglaterra lutavam entre si numa guerra que duraria mais de 100 anos, estando também em desvantagem com relação a Portugal.
O rei e a burguesia mercantil de Portugal se aliaram e juntos aplicaram grandes somas de dinheiro para a expansão comercial e marítima portuguesa.
Para o rei e para a burguesia mercantil interessava investir capital (dinheiro) na navegação e na expansão comercial. Isso porque os lucros obtidos com o desenvolvimento do comércio significariam maior riqueza prestígio social para a burguesia, o fortalecimento do poder político do rei e o enriquecimento do Estado.
No início da expansão comercial e marítima portuguesa se deu com a conquista de ceuta, no atual Marrocos, na África, em 1415. Foi um passo importantíssimo para os portugueses, pois essa região africana era um rico centro de comércio de escravos, ouro, marfim e seda. O solo era muito fértil e bom para a agricultura de algodão, trigo, linho, cana-de-açúcar e outros produtos.
A partir dessa conquista, os portugueses passaram a explorar o litoral atlântico da áfrica, onde fundaram feitorias, isto é, estabelecimentos comerciais nos quais comerciavam ouro, marfim, escravos negros e sal, que contribuíram para o enriquecimento de Portugal.
Nessas viagens marítimas, os portugueses aportaram nas ilhas da Madeira, Açores, Arguim e Cabo Verde. As ilhas atlânticas também se tornaram fontes geradoras de riquezas para Portugal, notadamente com a produção de açúcar de cana.
Em 1498 o navegador português Vasco da Gama contornou o litoral da África e atingiu o Oceano Índico, chegando a Calicute, na índia. Estava descoberto o caminho marítimo para as índias, e os portugueses chegavam a uma das principais fontes produtoras de especiarias.
Seis anos antes de Vasco da Gama chegar a Calicute, um navegador italiano chamado Cristóvão Colombo propôs-se a atingir as índias navegando sempre para o ocidente (oeste). Diferentemente, portanto, dos portugueses, que procuravam chegar ás índias contornando o continente africano.
Colombo saiu da Espanha em agosto de 1492 a serviço da Coroa Espanhola, da qual recebeu auxílio em dinheiro e três caravelas para fazer a viagem.
No dia 12 de Outubro de 1492, Colombo chegou á América. Acreditando, porém, que havia cegando ás Índias, chamou de índios os povos que viviam no continente americano.
Após a chegada de Colombo á América surgiram várias divergências entre Espanhola e Portugal. Isso porque os portugueses pretendiam ficar com as terras americanas, pois se julgavam donos do atlântico, já que haviam sido pioneiros nas grandes navegações.
A disputa entre Portugal e Espanha pelas terras americanas poderia chegar a uma guerra. Chamado para resolver o problema, o papa Alexandre VI elaborou, em 1493, um documento chamado bula Inter-Coetera.
Essa bula determinava a divisão das terras americanas por um meridiano situado a 100 léguas a oeste (esquerda) desse meridiano pertenciam á Espanha e as que ficassem a leste (direita) pertenceriam a Portugal.
A divisão determinada pela bula não foi aceita por Portugal porque se o meridiano fosse traçado a 100 léguas a oeste de Cabo Verde o país ficaria sem terra na América.
O fato de Portugal não aceitar essa divisão deu origem á hipótese de que o governo português, antes da chegada de Colombo (1492), já sabia da existência de terras na região mais tarde conhecida como América.
Finalmente, em 1494, as duas nações chegaram a um acordo e estabeleceram uma nova divisão das terras americanas.
Esse novo acordo foi chamado Tratado de Tordesilhas, pois foi assinado na cidade espanhola de Tordesilhas. Ele estabeleceu um meridiano situado a 370 léguas a oeste de Cabo Verde como linha divisória das terras. As terras que ficasses a oeste pertenciam á Espanha, as que ficassem a leste pertenciam a Portugal.
A divisão da América entre Espanha e Portugal pelo Tratado de Tordesilhas foi a legitimação do roubo das terras americanas dos seus donos naturais: os índios.
O comércio das especiarias era, naquela época a mais rentável do mundo. O país que o controlasse seria rico e poderoso.
Portanto era importantíssimo para Portugal impor o seu controle sobre o comércio, o que teria riquezas para o seu estado e para a burguesia mercantil. E, para garantir o domínio das especiarias dos mercados asiáticos, o rei português Dom. Manuel o venturoso preparou uma poderosa esquadra, que entregou ao comando de Pedro Álvares Cabral.
A esquadra partiu de Portugal em 9 de Março de 1500. Era composta de treze embarcações e 1500 homens, muitos deles com grande experiência de navegação.
A esquadra desviou-se internacionalmente de sua rota original, pois Cabral, por determinação daria, tinha também por objetivo passar pela América e garantir a posse Portuguesa de terras americanas. Em 22 de Abril, os portugueses avistaram um monte, na região do atual estado da Bahia, ao qual por ser dia de páscoa, chamaram Monte Pascoal.
No dia seguinte, os comandantes dos navios decidiram que um deles desembarcaria e visitaria a terra.
O desembarque dos portugueses em terra firme marcaria o encontro de dois mundos extremamente diferentes e opostos: o mundo do homem branco, que se dizia civilizado, e o mundo verdadeiro americano, o índio, o dono natural da terra.
O encontro cordial desses dois mundos anunciava o início de relações violentas e cruéis.
No dia 26 de Abril foi realizada, por Frei. Henrique de Coimbra, a primeira missa em terras brasileiras.
No dia 2 de Maio, Cabral seguiu em direção ás índias, pois seu principal objetivo era garantir o domínio português no comércio das especiarias asiáticas.